quinta-feira, 11 de julho de 2013

Surpresas da Vida

Eu estava vivendo uma vida esportiva plena. Muito feliz por poder estar praticando 3 esportes ao mesmo tempo. Judo, tenis e ciclismo.

O judo eh uma paixao antiga. Comecei aos 10 anos de idade. Meus pais me colocaram na natacao, coisa que agradeco ate hoje. Aprendi a nadar. Comecei a competir. E aprendi o que eh o sacrificio do esporte e como coisas muito simples podem dar um prazer tao grande. Lembro-me exatamente o horario da aula. Era as 6.50hs as seg, ter, e quartas no Fluminense. Era minha mae que me levava. Muitas vezes ainda escuro. A gente ia pro Fluminense andando. Andando dormindo. Dormindo andando. Essa rotina dura e sem moleza construiu muito da minha resiliencia de hoje, do ser humano que sou. Lembro me exatamente do cafe com leite que minha mae preparava e me dava ao final de cada aula. Era uma garrafa termica pequena da marca Alladin que devia ter nao mais de 250ml de cafe com leite. Mas minha mae preparava religiosamente com todo carinho e so me deixava tomar depois do treino. Lembro me do sabor e da imagem do meu premio diario apos a natacao. Era quente, saia fumaca e docinho. Era o meu premio imediato por ter acordado cedo e nadado. Bebia enrolado na toalha, normalmente tremendo de frio. Bebia segurando com as duas maos aquela tampa de garrafa termica que virava um xicara.

O fruto que colhi na epoca por esse sacrificio diario foi passar para a equipe. Sai da aula normal e passei a treinar junto com a equipe. Virei socio atleta e parei de pagar mensalidade. O treino passou a ser diario. Muitas vezes mais de uma vez ao dia. E competicao quase todo final de semana. Mas eu nao sabia o que era competir. Estava preocupado em nadar bem. Nadar bonito. Nao tinha a garra para chegar em primeiro. E eh claro, nunca obtive bons resultados. Muito mais pela cabeca do que pelo fisico.

Mas a natacao nao era minha paixao. Eu queria eh mesmo fazer judo. Vi uma aula no proprio Fluminense e tinha achado aquilo o maximo. Achava que aquilo era a minha cara. Numa epoca onde japones andando por ai no Rio era motivo de gozacao. Ir fazer um esporte de quimono, onde os nomes das tecnicas eram todos em japones. E que o modus operandi era uma filosofia de vida e cultura que eu vivia dentro de casa. Ainda mais depois que meu pai me contou que tinha sido faixa marrom (faixa imediatamente anterior a preta). Nem sei se eh verdade, mas para mim meu pai era meu super heroi favorito e tudo que ele falava era magico e a mais verdadeira das verdades.

Comecei no judo na Academia Nissei com o Haroldo. La fui evoluindo rapido. Minha disciplina e esforco, alem da minha cara, obviamente, chamaram a atencao dos professores. Logo comecei a competir. Mas, de novo, nunca fui um cara mega bem sucedido nos campeonatos. Nunca cheguei a ganhar um campeonato da federacao. Cheguei a terceiro algumas vezes, mas nao me lembro de ter ido para a final. Mas mesmo assim gostava muito. Era bons nos exames de faixa. Sempre foi facil para mim gravar o nome dos golpes. E pra mim todos os nomes tem logica. E assim fui passando de faixa ate chegar a faixa marrom.

Desde a natacao, mas especialmente com o judo, era muito animado com as atividades esportivas em geral. Mas para os meus pais a prioridade era sem duvida nenhuma os meus estudos e o colegio. Ou seja, qualquer intersecao entre o estudo e o esporte. Vencia o estudo.

Nessa batalha chegou o vestibular. O ano do meu vestibular foi um ano especialmente complicado. Ate entao, o vestibular era unificado pela Cesgranrio e era no modelo de multipla escolha. Nao tinha duvida que queria fazer economia, tambem por causa do meu super heroi. Minhas opcoes eram, em ordem de prioridade, a UFRJ, a PUC e a UERJ. Mas justo no ano do meu vestibular, resolveram mudar tudo. A UFRJ passou a fazer o seu proprio vestibular. E mudou a prova para discursiva, num modelo similar ao da Unicamp. Ou seja, muito estudo. Tinha dias que eu tinha aulas de dia e a noite. Acabei parando o judo de tanto que passei a faltar. Coisa que acontecia raramente.

Passei para a UFRJ e PUC. E nem fiz a segunda etapa pra UERJ, pois ja tinha o resultado positivo da PUC e tinham anulado uma etapa da UERJ por causa de fraude.

Anos depois acho que cheguei a treinar durante e depois da faculdade. Mas ai, eu escolhi outras prioridades. E o judo nao estava em primeiro. Por causa do trabalho me mudei para Sao Paulo.

La recomecei meus treinos. Recomecei na academia do Aurelio Miguel, que era perto de casa e ele tinha acabado de trazer uma medalha olimpica para o judo. Ele tambem estava comecando a Academia. Mas ele acabou indo pra politica e fechando a academia. Fiquei parado mais alguns anos. E por mais uma coincidencia da vida, conheci uma menina que era amiga da namorada o meu melhor amigo da epoca. Ela era judoca de elite. Fui treinar na academia dela. Era um lugar fantastico. Ali era o berco da selecao brasileira de judo. Nunca tinha visto tanto faixa preta juntos. Era a academia do Luis Shinohara. E a minha cara e minha disciplina, acabaram chamando a atencao dos Shinohara que me tratavam como se fosse um parente deles. Gostava muito, mas o meu trabalho era muito puxado e a academia era muito longe. Passei a chegar muitas vezes atrasado aos treinos. Os atrasos nao eram permitidos, mas os Shinohara faziam vista grossa para mim. Mas ai comecei a fazer mestrado. Ai o que era puxado passou a ficar quase impossivel. Tive que parar o judo.

Mais alguns anos se passaram. E acabei voltando para o Rio. Depois que voltei para o Rio, ainda demorou uns 3 anos para conhecer um cara que virou meu chefe e depois viramos socios e amigos. Ele tava fazendo judo e com o Mauricio Sabattini, um amigo e um dos melhores judocas da epoca da Academia Nissei, onde comecei. Voltei pro judo. Depois de um tempo, ganhei a faixa preta do Mauricio. Que para mim e muita gente, tem mais valor que a faixa da federacao. Um tempo depois, voltei a competir e comecei a me preparar para fazer o exame da faixa preta, mas ai veio o meu filho, tao amado e tao esperado. Desisti de fazer o exame. Sigo competindo, mas achei que nao valia me preparar para o exame.

Ha uns 2/3 anos tenho competido no master. Fiquei em 2 e 3 lugar algumas vezes, parte por merito e parte por falta de gente na minha categoria. Baixei de peso depois da minha separacao e comecei a imprimir um ritmo cada vez mais forte nos treinos. Passei a competir na categoria da garotada de 20 anos. Meu gas era tao bom quanto o deles. E minha tecnica tambem. Perdia em forca e especialmente em agressividade. Muita diferenca de hormonio. Desenvolver a agressividade era uma coisa que passei a trabalhar. Criar explosao. E numa dessas, treinando com um jovem que compete no nivel de selecao, acabei me lesionando.

Fui ao pronto socorro no dia seguinte, fui diagnosticado por um estiramento do ligamento lateral. Fiz uma sessao de fisioterapia e fiquei sem fazer esportes por uma semana. Fiquei tenso, mas achei que tinha melhorado. Hoje, treinando sozinho, sem estar lutanto, fiz uma posicao onde o meu joelho falseou e eu cai no chao. Fui na fisioterapeuta e depois no medico especialista em joelho.

Um rompimento do ligamento cruzado anterior no meu joelho direito. Tratamento: cirurgia.

Muita coisa ja passou pela minha cabeca. Estou me preparando desde o ano passado para participar de uma grande competicao. Uma grande festa. Uma competicao que acontece a cada 4 anos.

O medico me disse. Vc pode ate competir, mas estara se expondo a riscos que podem comprometer outras partes do joelho. Pode nao acontecer nada. Mas pode lesionar outras partes e piorar muito a situacao.

Decidi desistir da competicao de judo. O ciclismo ta liberado. Mas o tenis esta ameacado. Ainda preciso decidir se desisto tambem.

Obrigado blog...

Estava precisando desabafar mais esta supresa na minha vida...boa noite.






Nenhum comentário:

Postar um comentário