domingo, 15 de dezembro de 2013

D90 - Vamo que vamo

Depois do susto veio o alivio.

Desde que rompi o ligamento tenho prestado atenção demais no meu joelho. Assim como tenho o protegido de imprevistos e de esforços maiores. E desde que fui liberado para pedalar tenho voltado a exigir mais dele. E ele respondeu doendo e inchando um pouco (vide post anterior). E o pior é a cabeça que passa a achar que probleminhas são problemas que vão virar problemoes. Mas não foi nada disso.

Em 28/11 voltei ao médico para mas uma revisão. Resultado: melhor impossível. Tudo certo. Nenhum sinal de excesso de esforço e musculatura voltando bem. Mais uma liberação. Corrida na areia fofa. E musculação com movimentos completos. Até então estava fazendo movimentos encurtados.

Correr depois de tanto tempo foi muito bom. E olha que eu nao gosto de corrida. Eh uma sensacao de liberdade e plenitude dos movimentos. Doeu um pouco, mas essa dor agora sei que eh normal. Eh dor de uso, de bom uso, nao eh de mal uso. Essa dor ainda me acompanhara por um bom tempo, mas sabendo que nao eh uma dor de mal uso, nao tem problema. Esportista esta sempre com dor...no pain, no gain.

E ontem foi minha primeira competição depois da cirurgia. Participei do Rei e Rainha do Mar. Nadei 2km em mar aberto numa prova muito bonita e bem organizada. Que alegria. Muita coisa passa pela cabeça mas é tudo muito rápido. Gostei muito. Vamo que vamo. Estou montando meu calendário de provas para o ano que vem. To treinando e planejando com o Raul Furtado. Tô gostando demais!!!


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

D67 - "Ei, estou aqui" - sussurrou o meu joelho...

Pois é...

Estava quase esquecendo dele. Meus treinos avançavam cada vez mais. Já, desde o início de novembro, sob a orientação do Raul Furtado, um grande atleta de Ironman, e focando no Haute Route, tinha começado a igualar ou até bater várias das minhas marcações de tempo em diversos trecho no Strava. Fiz o meu primeiro Corcovado e Sumaré com o joelho novo. E comecei a treinar mais forte na natação também. Já de olho em prova de triathlon. Ainda não estava correndo, mas já estava pensando em dar uns trotes pelas ruas. Acabei deixando um pouco de lado a musculação e as caminhadas na areia.

Tudo isso sempre com o acompanhamento da minha competente fisioterapeuta, que a essa altura do campeonato já virou minha amiga e quase minha terapeuta. Bom, foi dela que veio o puxão de orelha, na verdade foi ela quem confirmou que meu joelho estava um pouco inchado. Já tinha sentido uma dor meio diferente. Era bem pouca dor, mas era uma dor que não era muscular. As vezes uma dor bem pontual dentro do joelho, como pontadas de agulhas meio que sem uma razão obvia.

Resultado, dei um meio passo para trás. Diminuir um pouco o ritmo do pedal, com menos ascensão, mais musculação e mais caminhadas na areia. E semana que vem tenho revisão com o ortopedista.

Fico um pouco chateado e preocupado, mas não tem jeito. O joelho susurrou no meu ouvido...e eu ouvi. Não posso deixar que ele grite...se gritar, dancei. Vida que segue...

sábado, 26 de outubro de 2013

D37 - Rua

Ontem foi um dia importante na etapa de recuperação. Fui liberado para pedalar na rua e começar a botar mais força no pedal. Além de iniciar a musculação.

Até ontem, desde que voltei da minha última viagem, tenho pedalado e nadado todos os dias. Comecei com 30 minutos de pedal e 30 de natação com bóia e nos últimos dias 45 com 45. E agora comecei a separar a natação do pedal que passou para 60 minutos.

Da musculação o que devo fazer é: leg press com menos de 90°, adutora e abdutora. Começando leve e com 3 séries de 10 repetições e gradualmente subindo os pesos. Além disso devo começar a caminhar na areia fofa.

Para andar não sinto nenhum desconforto. Descer escadas ainda incomoda um pouco.

Para nadar tô liberado para bater perna livremente somente no estilo crawl.

É isso por enquanto. No geral estou bem feliz com a recuperação. Não imaginei que poderia voltar a pedalar assim com menos de 40 dias.

Bom...pontualmente agora só falta o clima colaborar...tá a maior chuva lá fora...

Vou caminhar na areia...

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

D30 - Acelerando

Hoje faz exatamente um mês da cirurgia. Foi e está sendo duro. Mas tenho a impressão de que o pior já passou. A cada me sinto melhor, com menos restrições e dor.

Voltar à bicicleta mudou muita coisa. Na segunda pedalei bem devagar menos de meia hora. Na terça pedalei 30 minutos com um pouquinho mais de tempo. E hoje foram 45 minutos. Tudo isso devidamente sobre controle.

Tenho nadado diariamente desde a minha volta de viagem. Isso também tem me feito um bem maravilhoso.

Quem sabe um próximo desafio não seria um triathlon...

domingo, 13 de outubro de 2013

D27- Bem Devagarzinho

Hoje foi mais um marco. Montei a minha bicicleta no rolo. E dei minhas primeiras pedaladas depois de mais de um mes sem subir numa bicicleta. Foi um momento de muita felicidade...

Foram apenas poucas pedaladas...algumas poucas voltas na marcha mais leve e sem nenhuma carga....menos de 5 minutos...mas foi um marco. Ainda doi um pouco pois ainda nao tenho amplitude suficiente. Quando o joelho novo ta em cima doi um pouco. Mas ao final de algumas poucas voltas o joelho parecia um pouco mais solto...mais leve. Mas mesmo assim parei...sem abusar.

Amanha tento mais um pouquinho...

Que felicidade...

sábado, 12 de outubro de 2013

D26 - Ainda Não

A viagem de avião acabou me deixando um pouco inchado mesmo me levantando para andar algumas vezes. E o pior que ficava morrendo de medo de andar e tropeçar em alguém ou mesmo que o avião desse uma chacoalhada mais forte e eu perdesse o equilibrio.

Cheguei no hotel e logo fiz uma sessao de gelo com a perna para cima. Desinchou rapido e aproveitei para dar uma volta. Subi escadas, desci escadas, peguei o metro e ainda deu umas boas andadas. Tudo correu muito bem. Fiz mais gelo chegando no hotel.

No dia seguinte, comecaram as reunioes que aconteciam em 3 andares diferentes. E alem disso, precisava andar entre os andares que eram enormes. Eram reunioes seguidas comecando as 7h e terminando as 18h. Pauleira... De noite ainda fui a um concerto de metro. Errei o caminho, quase me atrasei e tive que pegar um taxi para nao chegar atrasado. Cheguei na pinta!!! Depois ainda fui dar um role para jantar.

Mais um dia com a mesma pauleira do dia anterior. So que ao inves do concerto, foi um happy hour seguido de jantar. Tocou o alarme da dor para me lembrar qua ainda nao era minha hora de voltar ao normal. Cheguei no quarto cheio de dores. Dores bem em cima da cicatriz e no seu entorno. Se eu apertasse um pulava de dor. Era uma dor bem dentro do osso. Doia sem fazer nada. Doia parado. Tentar falar com o medico e a fisioterapeuta. Ele sumiu e ela me socorreu. Parecia somente excesso...tomei logo o analgesico punk. Fiquei preocupado, pois no dia seguinte estaria voltando pro Brasil, encarando mais uma burocracia de viagem, alem de mais de 10h enfurnado dentro de um aviao.

Passei o ultimo dia me preservando ao maximo. Tentei andar o menos possivel. E ainda fiz gelo durante uns intervalos que tive durante o dia. Tentei dar uma volta na rua, mas tava meio de dificil de andar. Fui bem cedo para o aeroporto para poder fazer as coisas com bastante calma. E assim foi...e assim cheguei de volta ao Brasil. Foi tudo tranquilo. Vim tomando os remedios regularmente. E nao tive mais dores como aquelas.

domingo, 6 de outubro de 2013

D20 - O Meio do Caminho

Estou eu aqui de novo no Galeão. Acho que nunca viajei tantas vezes no mesmo ano.

Essa viagem é uma importante viagem de trabalho e me serviu de incentivo pra estar podendo embarcar bem hoje.

As filas e burocracias de aeroporto além de chatas são longas caminhadas lentas e cheio de esperas. Sempre achei chato, mas não tinha reparado o quanto nos obrigam andar. Quase estou arrependido de não ter trazido a minha muleta. Quem sabe assim furava umas filas...

Mas vou falar do meio do caminho.

O meio do caminho é um lugar cruel. O meio do caminho não pontual como o ponto de início e nem o ponto final. Não sou um cara que acabou de ser operado e tem mobilidade mega restrita e precisa de ajuda para quase tudo. E muito menos uma pessoa normal com toda a sua capacidade física plena. Estou bem no meio do caminho.

Tenho boa mobilidade e não carrego mais os sinais de quem está num processo de recuperação de uma cirurgia. Ou seja, as pessoas em geral não tem mais comigo mesmo cuidado e paciência que tinham quando estava de muletas. O mundo fica mais cruel.

E o pior, essa é a fase mais longa do processo. O meio do caminho dura muito. E o pior trecho é o começo do meio do caminho. E é nele mesmo que eu me encontro.

Bom só tem um jeito...tocar pra frente que a evolução vem com tempo e dever de casa com disciplina e responsabilidade.

A parte boa é que minha recuperação foi avaliada como excelente pelo médico. Porém existe um processo de cicatrização óssea e muscular que demora um tempo. Que não adianta eu me esforçar para acelerar que é um esforço pouco eficiente. Em termos de cicatrização só me resta esperar, dormir e comer bem.

Outra coisa boa é que hoje nadei depois da minha caminhada na piscina. Nadei meia hora praticamente sem parar nenhum momento. Foi uma delícia. Nadei com bóia nas pernas. E me senti maravilhosamente bem. Até queria ficar nadando muito mais tempo, mas um dos lemas da recuperação é devagar e sempre. A evolução precisa ser gradual e consciente. Mas já estou com a boia na mala e vou catar uma piscina na viagem.

Bom é isso por ora. Em menos de uma hora na estarei embarcando.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

D15 - Andando com As Próprias Pernas

Hoje foi um dia marcante. O primeiro dia que andei sem muletas. E também voltei a dirigir.

Como é bom poder andar com as próprias pernas. Ando lentamente e ainda inseguro, principalmente na rua. Onde tenho medo de sofrer um esbarrão ou mesmo uma coisa mais agressiva como um assalto. Afinal sou uma presa mega fácil.

Olha, mas eu sei que é bom. É uma sensação de liberdade muito boa.

Engraçado que sensação passada de as vezes ter preguiça de andar foi substituído pela alegria de poder andar. Espero nunca mais perder essa sensação. Preguiça de levantar e pegar alguma coisa. Espero nunca mais ter. Deixa que eu pego!!! Poder se locomover normalmente não é uma coisa banal nem comum. É um poder, uma capacidade muito especial, muito importante para a subsistência e independência do ser humano.

Outra sensação de liberdade é poder dirigir o seu próprio carro. O táxi é prático, mas é muito ruim depender dele para a sua locomoção. E como esse povo dirige mal...nem sei como eles se aguentam.

Duas coisas devo agradecer e destacar como fundamentais para chegar onde cheguei. A fisioterapia diária a partir do dia seguinte da retirada da tala.E os exercícios diários dentro da piscina. Fora isso a ajuda no meu dia a dia das pessoas queridas e das pessoas de relacionamento superficial e também de anônimos que se solidarizam ao ver alguém andando de muletas.

Vamos nessa que ainda estamos só no começo.

sábado, 28 de setembro de 2013

D12 - Filosofia das Muletas

Hoje foi o primeiro dia que sai de casa com uma só muleta. E andando dentro da piscina tive diversos pensamentos sobre as muletas.

A vida tem muito a ver com as muletas. As muletas são fundamentais para a recuperação do paciente. Num primeiro momento sem elas é impossível se movimentar. Graças às muletas é possível sair da cama. E saindo da cama é possível olhar para o mundo. Ter um pouco mais de vida. Porém com o tempo uma muleta começa a atrapalhar mais do que ajudar. É hora da perna começar a funcionar e evoluir. Somente sem a muleta ela consegue progredir. E aí vai. A vida vai evoluindo e torna-se desnecessária a segunda muleta.

Bom, e aí? E a vida?

Os nossos filhos são os pacientes e nós, os pais, somos as muletas. Todos nós mesmo não sendo pais somos ou seremos muletas um dia. Até ai tudo bem também. Mas o que eu acho é que as pessoas não se tocam que a coisa mais importante da função de muleta, obviamente além de dar apoio, é saber a hora de sair. Muitas vezes o próprio paciente não quer largar as muletas. E aí a muleta tem que saber sair de cena. Saber se afastar o suficiente para o paciente evoluir sozinho mas não solitário.

Outra situação são as muletas que se sentem menosprezadas ao serem largadas. Elas tem dificuldade de entender que a sua ausência é mais importante que a sua presença.

E ainda tem mais. São duas muletas e uma precisa sair antes do que a outra. Elas são bem diferentes apesar de iguais. E ambas são importantes. Mas tem importâncias diferentes. A muleta que sai antes não deve se sentir menosprezada em relação a muleta que fica.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

D11 - A Fisioterapia

Ontem dormi sem a tala depois de 10 dias. Achei que seria uma noite maravilhosa de libertação. Que nada...a tala trazia segurança. Sem ela as posições doiam e eram estranhas. Além disso ainda paguei o pelo esquecimento dos remédios.

Mesmo depois de uma noite não tão boa. Hoje foi o dia a virada. Acho que foi até hoje o dia do salto na minha recuperação.

Andar na piscina de manhã foi minha primeira atividade. Foram 30 minutos de liberdade e leveza. Que sensação de conforto traz o envolvimento da água que sustenta. Há dez dias não sabia o que era andar sem muletas mas água iniciou minha  reeducação.

De tarde chegou a hora da minha tão aguardada fisioterapia com a Fernanda. Achei que ela não ficou muito animada com o que viu no início pelo inchaço e a falta dos movimentos. Mas acho que no final ela viu a evolução naqueles preciosos minutos que sinalizaram o início da virada.

Sai dali com uma nova consciência corporal. Minha pisada estava cada vez mais firme. Os movimentos cada vez mais inteiros. Milagre? Que nada...ciência, técnica, suor, dor, força física e de vontade num conjunto único do terapeuta e seu paciente.

Andei mais leve sem fazer força nas muletas. Suave e coordenado. Passei a sentar com as pernas pra baixo com facilidade. E no final do dia já estava andando com uma única muleta...

Vamo que vamo!!!

D10 - Nova Etapa

Hoje voltei no médico pela primeira vez depois da cirurgia.  Achei que era só para tirar os pontos. Mas ganhei um prêmio. Tirei o imobilizador ou as "talas". Na verdade nem sei o nome daquilo. Só sei que dele me despedi. Deixei para doar para alguém que vá precisar.

Fiquei tão extasiado que esqueci de tomar todos os meus remédios a tarde. E a dor veio para me lembrar.

É impressionante como a cabeça se condiciona a proteger um membro enfraquecido. Numa hora em que movimentar é que vai fortalecê-lo. A natureza humana prefere se proteger do que se expor. Engraçado isso né. Somos voltados para a conservação e não a evolução. A evolução vem de gente que não acredita nos limites que o seu próprio cérebro impõe. Desrespeitar os limites impostos pelo cérebro com inteligência é a chave para novas descobertas e novos patamares.

O lema agora é devagar e avançar sem parar. Sempre devagar para não ter que retroceder. Acidentes e imprevistos jamais. Tudo tem que estar sob controle.

Amanhã já vou na fisioterapeuta. Mas ainda a maior parte dos exercícios vou fazendo sozinho.

Meus exercícios são:
- elevação sentado
- elevação lateral pra fora
- elevação lateral pra dentro

Sempre em 3 séries. Na seguinte sequência conforme for ficando fácil: 10 repetições sem peso, 12, 15, depois 10 repetições com 1kg, 12, 15 e depois 10 repetições com 2kg, 12 e 15. Além disso, andar na piscina com água entre o peito e o umbigo.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

D6 e 7 - O Trabalho e o Banho

Ontem foi o meu primeiro dia que consegui ir no escritório. Consegui ficar o dia todo.

No meu tipo de trabalho faz muita falta o ambiente de trabalho. Os recursos tecnológicos, as pessoas, o clima e mais outras coisas inexplicáveis. Acho que muitas vezes esses fatores inexplicáveis são a explicação do sucesso de muitas casas. Obviamente sem fazer o básico, ou seja, tomar risco, ter sorte e fazer o dever de casa nada vai pra frente.

E ainda fui jantar com meu filho. Maravilhoso. Sem necessidade de mais comentários. Meu dia ontem voou com tudo isso.

Ia tentar tomar o meu primeiro banho de chuveiro. Mas ficou tarde. Deixei pra hoje de manhã.

Muito planejamento e tensão para este momento. Tudo arrumado e organizado. Pois ia ficar em pé sem a tala pela primeira vez. E o pior sair do chuveiro sem a muleta.

Que sensação boa a da água quente correndo pelo corpo. A espuma se formando e cheiro de limpeza no ar. Muito bom.

E pra secar...ainda dei alguns passos de muletas mas sem a tala. Que aflição. No final tudo deu certo. Obrigado.

Mais um dia de trabalho!!! Que felicidade. Lá vamos nós.

domingo, 22 de setembro de 2013

D4 e 5 - Meu Filho

Durante a sexta fiquei pensando em tentar sair de casa para dar as caras no trabalho e ir ver meu filho. Pensei, liguei pro médico...ele tava operando... No final achei melhor ficar mais um dia de molho.

No final do dia até teve um entretenimento extra. Pude fazer duas mentorias para empreendedores pelo Skype. E olha que foi interessante e produtivo. Um em BH e outro em Sampa.

E mais um dia se passou rápida e lentamente.

Ontem foi um dia mega esperado e temido. Sair de casa. Depois alguns dias de cama ou de sofá, fui ver meu filho. Achei que ia sofrer pra andar mas foi tranquilo. Fui devagar e tranquilo. De novo a ajuda foi fundamental pra acalmar e baixar a ansiedade.

Que felicidade reencontrar pessoalmente meu filho. Como é importante a troca do olhar direto e contato físico. É um meio de troca que não tenho com muita gente mas com ele é forte e rico demais. Além disso conversamos, brincamos e nos agarramos. Foi bom demais.

A volta também foi tranquila. Muito gentil o motorista de taxi.

Os remédios tem me protegido da dor mais forte. Não tenho sentido nenhuma dor parado. Só doi quando fico muito tempo numa única posição ou quando fico em pé. Mas essa proteção tem um custo na saúde, além do bolso. Tenho ficado com azia e até apareceu uma afta na boca. Com ajuda da minha nutricionista agora tomo um remédio pra proteger meu estômago. O Nexium 40mg. Comecei a tomar ontem...já sumiu a afta. Esse é caro mas parece que funciona. Que bom...

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

D3 - A Improdutividade

Já é sexta. Ontem foi mais um dia igual ao de anteontem. To melhorando fisicamente. É perceptível no detalhe. Mas no macro é uma rotina bem igual a dos dias anteriores. Fico na cama a maior parte do tempo. Meio sentado meio deitado. Parte do dia com gelo e parte sem gelo. E assim vai...

Tenho a minha volta várias formas eletrônicas de contato com o mundo. Laptop, tablet e celular. Todos levam a lugares semelhantes mas cada um é mais conveniente para determinadas posições. Tenho também livros e revistas à minha volta. Mas essas acabam parecendo sem graça diante dos seus competidores eletrônicos. Até mesmo as revistas e livros no ipad parecem mais sexy. Aliás isso então parece que morreu. Já voltou há algum tempo da anestesia mas segue impossibilitado de funcionar direito.

Eu um dia já achei que numa situação como a atual eu poderia ler e escrever loucamente tendo tempo que normalmente não tenho. Mas acabo sendo muito mais improdutivo. Acho que acaba sendo a falta de foco. Pois quero trabalhar. Mas não consigo fazer direito sem a interação com meus colegas. Quero limpar minha caixa de emails mas fico entediado e sonolento. Acho que o exército de analgésicos que me aliviam a dor acabam trazendo um certo entorpecimento.

Achei que em uns dois dias poderia retomar parte da minha rotina de ver meu filho e trabalhar. Talvez amanhã ou quem sabe ainda hoje.

Apesar da improdutividade o joelho que é o objeto de tratamento principal agora tá evoluindo. Se preparando pra uma longa fase que será a próxima. A fisioterapia...

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

D2 - A Evolução

Hoje foi o dia de tirar a gaze. Estava tenso pois não sabia o que veria por debaixo da minha tala. Não sabia como eram as cicatrizes. Nem o tamanho, nem o local, nem o estado delas. Dia de mais surpresas.

Após desenrolar mais de 5 metros de gaze e algodão,aparecem as cicatrizes. Não tão grandes e somente duas. Uma maior e outra bem discreta. Ambas limpas e sem inchaço. Que alívio. Junto com isso minha primeira sessão de gelo me trouxe mais um alívio.

Aos poucos a dor da circulação tem diminuído. Ainda incomoda bastante se ficar com a perna abaixada por um pouco mais de tempo.

E como é importante o apoio moral e físico para pequenas ou grandes tarefas em tempo de restrição física e dor. Definitivamente o indivíduo individual independente sobrevive mas terá uma vida pior do que um indivíduo com pessoas que o apoiam. É dividir para multiplicar. São apoios inesquecíveis.

Com isso tudo ainda doi qualquer tipo de movimentação. Mas já dá pra sentir uma evolução. Já consigo dar mais passos antes do limite da dor. Consegui passar um tempo maior sentado e trabalhando um pouco. Achei poderia me locomover para o trabalho amanhã e também ver meu filho mas com certeza não dá. Pois acho que não consigo ainda chegar ao elevador.

Vamos ver como será a evolução de amanhã.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

D1 - A Dor

Depois de uma noite surpreendentemente tranquila. Vem a maldita lição, aquela nos ensina de forma inesquecível e cruel. A dor.

Minha maior dor ainda não é nos ossos ou no joelho. Mas acho que é uma dor de circulação. Ao baixar a perna e tentar fazer um pequeno apoio parece que circula ácido pelas veias e artérias. É uma dor de localização ampla na região anterior da perna oposta à panturrilha. Engraçado né...uma área que não tem a ver com a cirurgia....aparentemente. E o alívio vem rápido desde que deite e eleve a perna (como na foto). Ou seja, mesmo em trajetos curtíssimos tipo do banheiro à cama que são uns 5 passos demoro um tempo pra fazer negociando com a dor.

O médico falou pra nunca se movimentar com a perna pendente sempre fazer um pequeno apoio no chão. É esse apoio que doi. Mas já descobri que apoiar o calcanhar doi menos do que a outra ponta. E assim vamos indo.

Meus outros aliados são os remédios. São 4 no total.  Todos contra dor. São eles: Dolamin em ciclos de 8h, Toragesic em 6h,  Bi profenid em 24h. Além do Paratram, um remédio controlado para tomar com muita dor com intervalo mínimo de 6h.

Ontem pulei o banho. E hoje vou tirar as faixas e a tala para começar o gelo. São 5x ao dia em sessões de meia hora.

No mais tenho ficado sonolento. Tenho tentado ler mas acabo dormindo. Acho que a cabeça tá comportada. Minha única ansiedade é de voltar a trabalhar logo.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

D 1/2

Minha perna esquerda voltou a mexer. Ai como é bom.... E também o meu pé direito...mas o pinto...mortinho mortinho...tomara que volte um dia......ahahahh

Situação bizarra de hoje foi a seguinte: tava eu com vontade de fazer xixi mas não estava conseguindo. Aí meu filho chegou pra me ver... brincamos um monte. ..ai resolvi levantar o lençol. ...tava todo mijado.....não senti nada...e o pior tava com a bexiga cheia e com dor...e nada de conseguir mijar....até que resolvi apertar a bexiga....mais um chafariz de xixi....sem sentir nada....maior doideira. E foi assim...empurrando a bexiga que fiz meu xixi. Agora acabei de fazer um sozinho...sem empurrar a bexiga. ..ai que delicia...

Nenhuma dor ou enjôo. Um pouco de dor na lombar pelo colchão mole....

Daqui a pouco vou tentar dormir...

Sentimento de paz e sensação de ter feito a coisa certa e cheio de energia dos beijos e carinho do meu filho e das pessoas que querem o meu bem de coração.

D0

Acabei de chegar do centro cirúrgico. Pernas dormentes. Nao consigo mexer nenhum dedão do pé. Muito menos o pé. Sensação doida.

Parece que cirurgia foi boa e rápida. Um sucesso. Me lembro vagamente de tomar a anestesia raqui e uma dose extra dormonide na veia. ...não vi mais de nada.

Sigo chapadao e sonolento. Fuiiiiii

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A Operação

Ao longo do tempo desde a ruptura tenho feito fisioterapia e exercícios específicos que tem me ajudado a não sentir dor e restringir as limitações de movimento impostas pelo rompimento. Assim como criar fortalecimento para uma melhor cirurgia e recuperação. Obrigado Fernanda.

Um aperitivo para o longo ciclo de fisioterapia que terei que encarar.

A data da cirurgia foi marcada. No dia seguinte do meu retorno de NY. Será numa segunda dia 16 no Samaritano. Preferia que fosse mais perto do final de semana. Mas...será no dia do que tiver que ser. Parece que o plano já aprovou tudo. Vamos ver se não teremos zica de véspera.

Por ora é isso...diretamente de dentro do avião.

domingo, 8 de setembro de 2013

Nova Viagem

Acabe nem relatando as sensações da viagem anterior...

Estou eu embarcando novamente. Agora a trabalho, mas quando se gosta do trabalho e de viajar...é mais um momento de lazer.

Desde a minha chegada da Itália muitas coisas aconteceram.

Fiquei quase uma semana com meu filho sozinho. Foi uma oportunidade que a vida me deu...mais uma surpresa.

Descobri algumas coisas...
- Poder cuidar e curtir o seu filho é algo maravilhoso é uma sensação, uma integração sensacional...uma troca indescritível.
- Viver com o filho entorpece. Se não se cuidar perde o contato com a realidade. Perde se o contato com seus próprios objetivos e motivações. Elas acabam se misturando com as do filho. E levando a perda da individualidade de ambos.

....

domingo, 11 de agosto de 2013

A Viagem

Uma viagem é sinônimo de surpresas. É a revelação de novas sensações, visões, experiências. Nada sai exatamente como planejado, essa é graça da viagem. Aliás, essa é a graça da vida.

Pensei muitas coisas durante a viagem, mas não tive muita vontade de escrever. Agora, dentro do avião de Milão para Roma, me deu vontade.

Vou escrever fora de ordem cronológica ou sentimental. Vou tentar me lembrar das surpresas e das sensações que me acompanharam.

Fui interrompido pois estava quase pousando em Roma. Estou retomando só agora e já estou quase chegando ao Rio. Mas vamos às sensações que foram geradas pelas surpresas

- muita raiva - depois de viajar por mais de 11h voando e mais umas 2 horas dirigindo e depois de andar uns 30 minutos meio perdido por uma cidade com calor de 40 graus, dei de cara com a porta do hotel fechado. Que na verdade eram uns quartos num prédio residencial. E o dono só fica lá em alguns horários específicos.

...

Esse post ja ficou velho...e incompleto mas vai assim mesmo

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A Ida

Ir viajar é pra mim sempre uma boa sensação. Mas dessa vez tem um rabicho de frustração. Já saio de casa sabendo que não cumprirei meus objetivos esportivos. Não poderei competir no judô nem no tênis. Resta a bicicleta, a minha salvação.

E depois que nasceu meu filho saio sempre pensando na volta, para revê-lo, beija-lo e abraça-lo. Fico imaginando o que passa pela cabeça dele me vendo ir e voltar depois de um tempo. Ele deve sentir alguma falta. Uma falta de algo como o café da manhã ou uma refeição que tem todos os dias. Ele ainda não consegue dar nome a saudade. Acho que é só uma questão de vocabulário, não de sentimento.

Mas não sei por que, acho que terei revelações inesperadas nessa viagem.

A vida tá me armando momentos que devo ficar quieto no canto e pensando.

O vôo estava bem cheio, mas foi um bom vôo. O avião era novo e tinha aquelas telas cheias de filmes. Acabei vendo dois filmes seguidos. Dois filmes japoneses cujos títulos em inglês eram Love for Beginners e Platinum Data. Gostei muito de ambos. Mas o primeiro, um filme bobo de romance de adolescentes mexeu comigo. Chorei feito uma moça. Engraçado isso... Acho que me identifiquei com os personagens e lembrei dos meus pais. Com o jeito nipônico de ver a vida.

Estou esperando minha conexão pra Milão. Embarco em instantes...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O Laudo Tecnico

O laudo da ressonância eh sinistro para um leigo. Assim que abri e li, vi tanta coisa estranha e ruim escrita que imaginei que alem do ruim tinha coisa acontecido coisa pior no meu joelho. Mas logo consegui falar com minha fisioterapeuta e depois com o ortopedista. Nada alem do que ja tinha sido diagnosticado foi constatado. Nem melhor nem pior. Foi um rompimento total do ligamento cruzado anterior do joelho direito. O lance eh que quando se rompe o ligamento normalmente ele foi exigido alem da conta. Ou seja, o acidente aconteceu num ambiente agressivo e limítrofe. Portanto, todas as estruturas ao seu entorno também acabam sofrendo lesões diversas porem em menor grau. Eh isso que diz a ressonância.

Depois do susto, segue a vida. Seguiu mais ou menos, ainda sem conseguir manter um novo ritmo. As vésperas da viagem, entre pedalar e ficar grudado no filho. Acabei mais grudado no filho. Foi uma semana meio atípica em termos de clima, com muito frio (15 graus no Rio) e muita chuva que acabavam tirando o prazer de uma pedalada. Pedalei algumas vezes, mas menos do que planejei...

Alias, estou com uma sensação esquisita. Sei que sera fantástica a minha viagem. Sei que surpresas boas me aguardam. Mas to com uma sensação estranha. To literalmente na véspera da viagem e nem arrumei minha mala. Tinha um planejamento de bagagem para levar equipamentos para 3 esportes, mas no final virou somente o ciclismo. Estou começando a receber o detalhamento das competições, os horários, e os detalhes da festa de abertura. Engraçado, vou participar do WMG em uma unica modalidade, e deve ser assim que a maioria se inscreve, isto eh, num único esporte. Mas eu que ia participar de três, parece que uma eh quase como não participar.

Com a diminuição do meu ritmo de exercícios e pratica de esportes, devo estar sofrendo um desequilíbrio hormonal como uma mulher menstruada ou na menopausa. Seilá, sensações estranhas, meio vazias, meio incompletas, meio pela metade, meio meio, somente meio.

A minha mobilidade caiu, eh uma sensação de uma criança num corpo de velho. Uma alma alegre presa num corpo triste. Por outro lado, não sinto nenhuma dor ou incomodo ao pedalar. Eh como se nada tivesse acontecido. Mas aconteceu, e ai o próprio pedal fica afetado. Engraçado, como eh forte o poder do nosso inconsciente...




sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Primeira Adaptação

Engraçado como o ser humano é um ser contraditório. Acho que a gente é um equilíbrio de desequilíbrios. Demais pra um lado ou demais pra outro...vai andar de lado. Por que estava pensando nisso?

Sou um cara que não gosta de rotina. Ou melhor, gosto de novidades. Não gosto de mesmices. Gosto de mudanças. Mas adoro minha rotina de esportes. Toda terça, quarta e quinta judô. Toda quarta, sexta e domingo pedal. Toda segunda e sábado tênis. Num ritmo similar venho assim desde sempre que eu me lembro. E exatamente assim venho a pouco menos de um ano. Praticando o meu triathlon e sendo muito feliz. Como consequência, mesmo com 43 anos os meus exames de saúde nunca tiveram tão bons. E também meu condicionamento físico.

Pois é... Mas quem disse que a vida  é moleza. Vou ter que operar o joelho e só devo fazer em meados de setembro. Por causa da competição da bike em agosto e compromissos de trabalho em setembro.

O primeiro problema a resolver é minha própria cabeça. Tentar nao sofrer por antecipação. Nos últimos anos acho que já não faço isso, mas cada situação é particular. Mas acho isso consigo gerenciar bem de algumas formas. Escrever esse blog é uma forma de baixar essa ansiedade, meditar é outra que quase não tenho praticado. E assim a vida segue.

Voltando à operação. A recuperação é longa e sofrida com uma nova rotina que nem sei como será. Sei que o meu triathlon vai demorar pra voltar. A expectativa é de voltar a andar direito com 1 mês. Voltar a pedalar em 3 meses. Voltar a jogar tênis em 6 meses.  Voltar a praticar judô em 9 meses. Voltar às competições somente em 2015, no ano que estarei completando 46 anos.

Mas o tema desse post não era nem esse. Engraçado que teoricamente eu poderia estar pedalando todos os dias me dedicando com toda a força pra competição de ciclismo que acontece no dia 8 de agosto. No entanto, não poder treinar judô nem jogar tênis desestabilizam a cabeça de tal forma que a própria dedicação ao ciclismo fica comprometida. Engraçado né... A lógica e a racionalidade não servem pra nada diante do inconsistente e suas vontades e não vontades.

Graças a Deus (não sou católico nem cristão, é uma força de expressão apenas), não sinto nenhuma dor ou instabilidade ou falha quando pedalo. Pelo contrário, me sinto super bem. Vou exagerar, mas acho que é a sensação de alguém de um cadeirante que cai na piscina para nadar. A minha sensação na bike é de liberdade e prazer.

Pode deixar!!!

Tô me refazendo e vou pedalar pra valer nas próximas 2 semanas que precedem a prova.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Mais Tênis

Por volta dos dezoito anos comecei a tomar aulas no LOB.  Comecei a tomar real gosto pelo esporte. Aumentei o número de aulas e passei a jogar com o pessoal que frequentava a academia. Nos horários vagos ia lá jogar com alguém. Fiz alguns parceiros de tênis e comecei a jogar com mais frequência.

Meu pai que me colocava no lugar de parceiro secundário passou a me considerar um parceiro relevante. Mas os jogos não eram fáceis. Era uma briga de foice. Onde ele normalmente ganhava mas tava ficando cada vez mais difícil pra ele. Ao final do jogo muitas vezes estávamos brigados tamanha era a seriedade da disputa.

Esse ritmo seguiu assim até que me mudei para São Paulo.

Lá comecei a jogar na mesma academia que fazia musculação. Era uma única quadra com um professor gente boa e experiente. Ricardo era o nome dele. Comecei a ler sobre tênis e cada vez mais me interessar pelo esporte. Mudei de trabalho e passei a treinar com outro professor e em outro lugar. Um amigo, o Breno, passou a virar um grande parceiro e um grande amigo. Comecei a frequentar o Paineiras do Morumby. Era um clube quase perto de casa e no meio de uma grande area verde. Era um lugar muito agradável. Jogava praticamente todos os dias. Ou melhor, todas as noites. Com o Breno ou sem o Breno. Passei a fazer aula lá e também uma aula fora com o treinador da equipe juvenil do Paineiras, o Baianinho. Jogava ranking e passei a participar de torneios da federação. Nos finais de semana sempre tinha um ou mais jogos. Nadava e jogava tênis no Paineiras e também comecei a correr.

Sempre que vinha ao Rio ia no sítio dos meus pais que tem uma quadra. E ai sempre rolava um jogo. Mas nessa época a situação tinha virado. A obrigação de ganhar tinha passado pra mim. Normalmente eu ganhava do meu pai. Mas nunca foi um jogo tranquilo pois pro meu pai, e pra mim também, aquilo era um jogo de vida ou morte. Brigávamos muito em quadra. Rolava de tudo. Até cera pra esfriar o jogo do adversário. E meu pai era bom nisso. Meu jogo era mais franco e limpo. Dentro da regra o jogo, meu pai utilizava a pista toda pra fazer valer que o importante era ganhar. Bolas dentro da regra mas muitas vezes sujas. Diria até que muitas vezes era anti jogo. E aquilo me deixava maluco e desestabilizava o meu jogo. Minha técnica já era superior e meu pai usava a arma dele. A experiência.

Segui nesse ritmo até me mudar de volta pro Rio. Voltei pra LOB e passei a treinar com o melhor professor que tive até hoje. O Alexandre Almeida que além de excelente profissional virou um grande amigo. O Rio é maravilhoso, mas nem se compara em termos de desorganização. Em SP tinha torneio toda semana e o ranking e nivelamento da classe do tenista era levado a sério. No Rio os torneios eram tão escassos que qualquer um podia jogar em qualquer nível. E o tênis é um esporte muito misterioso. Ou melhor, é um esporte muito cerebral, psicológico. E jogar contra gente tecnicamente pior muitas vezes era mais difícil de jogar do que com alguém melhor. Esporte difícil esse.

Segui fazendo aulas, mas acabei desanimando com os torneios.

Há alguns anos atrás passei uma semana na clínica de tênis do Bollettieri em Miami. Foi muito legal. Foram cinco dias de tênis das 7 as 17h. Gostei muito e vi como são formados os profissionais.

O Alexandre foi melhorando a minha técnica e eu fui melhorando a minha cabeça.

No último sábado tentei jogar. Fiquei surpreso que consegui fazer um bom bate bola sem dor ou instabilidade. Mas rapidamente conclui ser impossível encarar uma partida. Alguns movimentos de mudança de direção não me davam nenhuma firmeza. Num esporte onde pesa muito a cabeça eu já iria entrar em quadra psicologicamente derrotado. Fora isso eu certamente iria além da racionalidade e ia buscar algo além do meu limite pondo em risco o futuro do meu joelho. Enfim desisti do tênis pro WMG 2013.

terça-feira, 16 de julho de 2013

O Tênis

Fui jogar tênis para testar o joelho. Surpreendentemente foi tranquilo o bate bola e o saque. Mas nada mais do que isso. A movimentação fica limitada e insegura. E algumas mudanças de base não senti firmeza. Conclusão, nao será possível manter o tenis também. Competir impossível, treinar não será bom. Pois acabo forçando os demais componentes do joelho.

Meu contato com o tênis começa com uns 10 anos... Meus pais começam a aprender o tênis e a praticar todos final de semana. Entram de sócio num clube que fica no Recreio, o Novo Rio Country Club. Nome chique pra um clube de tênis bem longe da cidade. Mas imagino que isso era o que o meu pai podia pagar na epoca.

Isso no final da decada de 70. Morávamos em Laranjeiras e íamos de carro até esse lugar tão distante passando por lindas dunas de areia. Íamos todo sábado e também aos domingos. Passávamos muitas horas no clube. Eu ia pra piscina, andava de bicicleta, jogava bola com uns amigos novos. Mas tais atividades me cansavam e meus pais continuavam jogando tênis. E eu entediado assistindo o jogo da bolinha que vai e vem.

Ate que um dia fui parar dentro da quadra para pegar as bolinhas. Aquilo para os meus pais era uma forma de manter quieto sem pedir pra ir para casa. E pra mim era uma motivacao financeira. Pois a cada bolinha pega era um centavo que eu ia ganhar. A tarefa de boleito de tenis, nao eh tao simples quanto parece. As entradas em quadras devem ser precisas e rapidas. Deve se estar sempre atento ao entrar dentro da quadra durante o jogo, primeiro para nao atrapalhar o bom andamento do jogo ou do treino, e segundo para nao levar uma bolada, as vezes perto de 100km/h num nivel amador.

Resultado, por causa dessa minha nova atividade remunerada, tive que comecar a entender da dinamica do jogo. Prestando muita atencao na profissao de boleiro. Aprendi a contar um jogo. Aprendi os golpes que se aplicam. E comecei a tomar gosto por esse novo esporte. Ganhei uma raquete velha do meu pai e ao final do dia meu pai batia umas bolas comigo. Tinha me tornado um excelente boleiro. Cheguei a pegar bolas para jogos que nao eram dos meus pais. Mas agora queria ser mais do isso.

O bate bola do final do dia passou para o comeco do dia. Eu era o batedor que aquecia o meu pai enquanto ele nao arranjava um parceiro a altura. Ate que chegava o parceiro dele e eu voltava pro meu lugar oficial, boleiro. Mas assim a coisa foi evoluindo e comecei a jogar com uns moleques do club, participar de jogos de dupla com o meus pais. Fiz muitos jogos eu e minha mae contra o meu pai. E durante varios anos essa foi a dinamica do tenis. Ate que comecei a fazer aulas na LOB, clube de tenis onde meus pais faziam aula e que era bem perto do apartamento dos meus pais. A LOB fica ainda no alto de um morro e nos moravamos ao pe desse morro. Era pouca distancia mas uma subida bem ingreme de uns 15 minutos andando rapido. Comecei a fazer aula....mas isso ser assunto do proximo blog.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Surpresas da Vida

Eu estava vivendo uma vida esportiva plena. Muito feliz por poder estar praticando 3 esportes ao mesmo tempo. Judo, tenis e ciclismo.

O judo eh uma paixao antiga. Comecei aos 10 anos de idade. Meus pais me colocaram na natacao, coisa que agradeco ate hoje. Aprendi a nadar. Comecei a competir. E aprendi o que eh o sacrificio do esporte e como coisas muito simples podem dar um prazer tao grande. Lembro-me exatamente o horario da aula. Era as 6.50hs as seg, ter, e quartas no Fluminense. Era minha mae que me levava. Muitas vezes ainda escuro. A gente ia pro Fluminense andando. Andando dormindo. Dormindo andando. Essa rotina dura e sem moleza construiu muito da minha resiliencia de hoje, do ser humano que sou. Lembro me exatamente do cafe com leite que minha mae preparava e me dava ao final de cada aula. Era uma garrafa termica pequena da marca Alladin que devia ter nao mais de 250ml de cafe com leite. Mas minha mae preparava religiosamente com todo carinho e so me deixava tomar depois do treino. Lembro me do sabor e da imagem do meu premio diario apos a natacao. Era quente, saia fumaca e docinho. Era o meu premio imediato por ter acordado cedo e nadado. Bebia enrolado na toalha, normalmente tremendo de frio. Bebia segurando com as duas maos aquela tampa de garrafa termica que virava um xicara.

O fruto que colhi na epoca por esse sacrificio diario foi passar para a equipe. Sai da aula normal e passei a treinar junto com a equipe. Virei socio atleta e parei de pagar mensalidade. O treino passou a ser diario. Muitas vezes mais de uma vez ao dia. E competicao quase todo final de semana. Mas eu nao sabia o que era competir. Estava preocupado em nadar bem. Nadar bonito. Nao tinha a garra para chegar em primeiro. E eh claro, nunca obtive bons resultados. Muito mais pela cabeca do que pelo fisico.

Mas a natacao nao era minha paixao. Eu queria eh mesmo fazer judo. Vi uma aula no proprio Fluminense e tinha achado aquilo o maximo. Achava que aquilo era a minha cara. Numa epoca onde japones andando por ai no Rio era motivo de gozacao. Ir fazer um esporte de quimono, onde os nomes das tecnicas eram todos em japones. E que o modus operandi era uma filosofia de vida e cultura que eu vivia dentro de casa. Ainda mais depois que meu pai me contou que tinha sido faixa marrom (faixa imediatamente anterior a preta). Nem sei se eh verdade, mas para mim meu pai era meu super heroi favorito e tudo que ele falava era magico e a mais verdadeira das verdades.

Comecei no judo na Academia Nissei com o Haroldo. La fui evoluindo rapido. Minha disciplina e esforco, alem da minha cara, obviamente, chamaram a atencao dos professores. Logo comecei a competir. Mas, de novo, nunca fui um cara mega bem sucedido nos campeonatos. Nunca cheguei a ganhar um campeonato da federacao. Cheguei a terceiro algumas vezes, mas nao me lembro de ter ido para a final. Mas mesmo assim gostava muito. Era bons nos exames de faixa. Sempre foi facil para mim gravar o nome dos golpes. E pra mim todos os nomes tem logica. E assim fui passando de faixa ate chegar a faixa marrom.

Desde a natacao, mas especialmente com o judo, era muito animado com as atividades esportivas em geral. Mas para os meus pais a prioridade era sem duvida nenhuma os meus estudos e o colegio. Ou seja, qualquer intersecao entre o estudo e o esporte. Vencia o estudo.

Nessa batalha chegou o vestibular. O ano do meu vestibular foi um ano especialmente complicado. Ate entao, o vestibular era unificado pela Cesgranrio e era no modelo de multipla escolha. Nao tinha duvida que queria fazer economia, tambem por causa do meu super heroi. Minhas opcoes eram, em ordem de prioridade, a UFRJ, a PUC e a UERJ. Mas justo no ano do meu vestibular, resolveram mudar tudo. A UFRJ passou a fazer o seu proprio vestibular. E mudou a prova para discursiva, num modelo similar ao da Unicamp. Ou seja, muito estudo. Tinha dias que eu tinha aulas de dia e a noite. Acabei parando o judo de tanto que passei a faltar. Coisa que acontecia raramente.

Passei para a UFRJ e PUC. E nem fiz a segunda etapa pra UERJ, pois ja tinha o resultado positivo da PUC e tinham anulado uma etapa da UERJ por causa de fraude.

Anos depois acho que cheguei a treinar durante e depois da faculdade. Mas ai, eu escolhi outras prioridades. E o judo nao estava em primeiro. Por causa do trabalho me mudei para Sao Paulo.

La recomecei meus treinos. Recomecei na academia do Aurelio Miguel, que era perto de casa e ele tinha acabado de trazer uma medalha olimpica para o judo. Ele tambem estava comecando a Academia. Mas ele acabou indo pra politica e fechando a academia. Fiquei parado mais alguns anos. E por mais uma coincidencia da vida, conheci uma menina que era amiga da namorada o meu melhor amigo da epoca. Ela era judoca de elite. Fui treinar na academia dela. Era um lugar fantastico. Ali era o berco da selecao brasileira de judo. Nunca tinha visto tanto faixa preta juntos. Era a academia do Luis Shinohara. E a minha cara e minha disciplina, acabaram chamando a atencao dos Shinohara que me tratavam como se fosse um parente deles. Gostava muito, mas o meu trabalho era muito puxado e a academia era muito longe. Passei a chegar muitas vezes atrasado aos treinos. Os atrasos nao eram permitidos, mas os Shinohara faziam vista grossa para mim. Mas ai comecei a fazer mestrado. Ai o que era puxado passou a ficar quase impossivel. Tive que parar o judo.

Mais alguns anos se passaram. E acabei voltando para o Rio. Depois que voltei para o Rio, ainda demorou uns 3 anos para conhecer um cara que virou meu chefe e depois viramos socios e amigos. Ele tava fazendo judo e com o Mauricio Sabattini, um amigo e um dos melhores judocas da epoca da Academia Nissei, onde comecei. Voltei pro judo. Depois de um tempo, ganhei a faixa preta do Mauricio. Que para mim e muita gente, tem mais valor que a faixa da federacao. Um tempo depois, voltei a competir e comecei a me preparar para fazer o exame da faixa preta, mas ai veio o meu filho, tao amado e tao esperado. Desisti de fazer o exame. Sigo competindo, mas achei que nao valia me preparar para o exame.

Ha uns 2/3 anos tenho competido no master. Fiquei em 2 e 3 lugar algumas vezes, parte por merito e parte por falta de gente na minha categoria. Baixei de peso depois da minha separacao e comecei a imprimir um ritmo cada vez mais forte nos treinos. Passei a competir na categoria da garotada de 20 anos. Meu gas era tao bom quanto o deles. E minha tecnica tambem. Perdia em forca e especialmente em agressividade. Muita diferenca de hormonio. Desenvolver a agressividade era uma coisa que passei a trabalhar. Criar explosao. E numa dessas, treinando com um jovem que compete no nivel de selecao, acabei me lesionando.

Fui ao pronto socorro no dia seguinte, fui diagnosticado por um estiramento do ligamento lateral. Fiz uma sessao de fisioterapia e fiquei sem fazer esportes por uma semana. Fiquei tenso, mas achei que tinha melhorado. Hoje, treinando sozinho, sem estar lutanto, fiz uma posicao onde o meu joelho falseou e eu cai no chao. Fui na fisioterapeuta e depois no medico especialista em joelho.

Um rompimento do ligamento cruzado anterior no meu joelho direito. Tratamento: cirurgia.

Muita coisa ja passou pela minha cabeca. Estou me preparando desde o ano passado para participar de uma grande competicao. Uma grande festa. Uma competicao que acontece a cada 4 anos.

O medico me disse. Vc pode ate competir, mas estara se expondo a riscos que podem comprometer outras partes do joelho. Pode nao acontecer nada. Mas pode lesionar outras partes e piorar muito a situacao.

Decidi desistir da competicao de judo. O ciclismo ta liberado. Mas o tenis esta ameacado. Ainda preciso decidir se desisto tambem.

Obrigado blog...

Estava precisando desabafar mais esta supresa na minha vida...boa noite.






Objetivo desse Blog


Sou calado e guardo muita coisa. Preciso ter um lugar para colocar para fora na hora que eu quiser ou achar que preciso. Um lugar que vai estar sempre disponivel. Um lugar sempre acessivel. Um lugar que nao me conhece e nem vai me conhecer mesmo que passe a me conhecer.