sábado, 28 de setembro de 2013

D12 - Filosofia das Muletas

Hoje foi o primeiro dia que sai de casa com uma só muleta. E andando dentro da piscina tive diversos pensamentos sobre as muletas.

A vida tem muito a ver com as muletas. As muletas são fundamentais para a recuperação do paciente. Num primeiro momento sem elas é impossível se movimentar. Graças às muletas é possível sair da cama. E saindo da cama é possível olhar para o mundo. Ter um pouco mais de vida. Porém com o tempo uma muleta começa a atrapalhar mais do que ajudar. É hora da perna começar a funcionar e evoluir. Somente sem a muleta ela consegue progredir. E aí vai. A vida vai evoluindo e torna-se desnecessária a segunda muleta.

Bom, e aí? E a vida?

Os nossos filhos são os pacientes e nós, os pais, somos as muletas. Todos nós mesmo não sendo pais somos ou seremos muletas um dia. Até ai tudo bem também. Mas o que eu acho é que as pessoas não se tocam que a coisa mais importante da função de muleta, obviamente além de dar apoio, é saber a hora de sair. Muitas vezes o próprio paciente não quer largar as muletas. E aí a muleta tem que saber sair de cena. Saber se afastar o suficiente para o paciente evoluir sozinho mas não solitário.

Outra situação são as muletas que se sentem menosprezadas ao serem largadas. Elas tem dificuldade de entender que a sua ausência é mais importante que a sua presença.

E ainda tem mais. São duas muletas e uma precisa sair antes do que a outra. Elas são bem diferentes apesar de iguais. E ambas são importantes. Mas tem importâncias diferentes. A muleta que sai antes não deve se sentir menosprezada em relação a muleta que fica.

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